segunda-feira, dezembro 20, 2010

POSTURA - Educação Física Escolar e Prevenção

Por Profa. Lydia Guerreiro


Estudos como os de Valladão, Lima e Barroso (2009); Contri, Petrucelli e Perea (2009);  Martelli e Traebert (2006);  Martinez e Zácaro (2007) mostram  incidência de problemas posturais em crianças e adolescentes em fase escolar sendo as alterações posturais da coluna vertebral, como a hiperlordose, a hipercifose e a escoliose, as de maior prevalência.  Citam alguns fatores que interferem na postura dos alunos como o estirão de crescimento, uso de mochilas pesadas, mobiliário inadequado, longos períodos em posição sentada e os maus hábitos posturais.


Há um consenso entre os autores de que este panorama é preocupante visto que as alterações posturais, podem ser responsáveis por limitações no movimento e até mesmo por incapacitar a realização de tarefas comuns cotidianas. Concordam que a população escolar merece atenção especial a esse respeito.  Nessa mesma linha de raciocínio, Falsarella, Bocalleto, Deloroso e Cordeiro (2008, p.75) acrescentam que “as alterações posturais em crianças e adolescentes  em idade escolar têm se  tornado um problema para a saúde pública do país devido ao número expressivo de estudantes atingidos por esses distúrbios”.


Contri et al., (2009) investigaram a incidência de desvios posturais em escolares do 2º ao 5º ano do E.F. e mencionam que os problemas posturais quase sempre têm sua origem na infância, principalmente os relacionados à coluna vertebral.  Segundo eles, os padrões posturais assumidos na infância podem se tornar permanentes na vida adulta e o meio escolar têm grande influência nas alterações sendo, portanto, necessários programas e projetos preventivos e educacionais nas escolas para detectar e tratar precocemente as alterações posturais.


Valladão et al., (2009) complementam mencionando que os hábitos de vida moderna  também influenciam para o surgimento de dores musculares e  problemas na coluna vertebral e destacam a forma como os  alunos estão sentando em sala de aula, carregando suas mochilas e sentados à frente do computador.


Martelli e Traebert (2006) analisaram escolares de 10 a 16 anos e acreditam que as alterações posturais relacionadas às posturas inadequadas são distúrbios anátomo-fisiológicos que se manifestam geralmente na fase da adolescência e pré-adolescência, pois é nessa fase que ocorre o estirão de crescimento.


Segundo Martinez e Zácaro (2007) há indícios de que o peso das mochilas poderá comprometer a postura se o mesmo ultrapassar os padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que é de 5% do peso da criança da pré-escola e 10% do peso do aluno do ensino fundamental.


Toda a criança deverá completar o Ensino Fundamental (LDBEN 9394/96). A postura sentada será utilizada por, no mínimo, nove anos, cerca de 4 a 6 horas por dia.  Segundo Falsarella et al., (2008) esta é a posição que mais prejudica a coluna vertebral, em função da grande sobrecarga que exerce sobre a mesma.


A maneira de sentar-se de algumas crianças parece ser prejudicial aos discos intravertebrais, aumentando a atividade muscular e provocando desequilíbrios músculos-esqueléticos, entre outras conseqüências  (VALLADÃO et al., 2009).


Valladão et al., (2009) alertam que, os esportes mais praticados pelas crianças nas escolas nem sempre são garantia de que não desenvolverão problemas de coluna, pois um indivíduo que praticar apenas um esporte durante um longo período, corre o risco de desequilibrar as cadeias musculares.  Como exemplo citam o futebol que prioriza o trabalho de membros inferiores e não deixa de ser unilateral.


Resende e Borsoe (2006) destacam que a falta de conhecimento dos pais ou responsáveis sobre postura e a ausência de um trabalho preventivo postural no âmbito escolar podem caracterizar a desinformação da sociedade diante da importância da prevenção precoce de problemas posturais o que acaba por contribuir com o aparecimento de alterações dessa ordem.


Parece urgente que os alunos se conscientizem de seus corpos e da necessidade de melhorar suas posturas para que desenvolvam atitudes que evitem lesões em suas colunas na fase adulta.
            Nessa perspectiva, segundo Braccialii e Vilarta (2000, p.169):

“[...] os profissionais da educação assumem importante papel no processo de desenvolvimento e crescimento da criança e do adolescente contribuindo para a formação do indivíduo como um ser integral, desde a idade mais tenra [...] ,poderiam também colaborar em atividades de cunho preventivo e de detecção precoce de possíveis alteraçõs posturais, podendo a educação postural fazer parte dos objetivos das aulas na Escola”.



Frente a esse contexto, sugere-se à Educação Física Escolar e ao profissional da área um papel de extrema importância não só para cultura corporal de movimento dos jogos, esportes, danças, lutas e recreação, mas também para a educação postural, pondo em prática seus conhecimentos acadêmicos na área da saúde, da anatomia, da cinesiologia, da biomecânica.  Enfim, dos conhecimentos sobre o corpo para a promoção do bem-estar social, traduzido em uma postura correta, com o objetivo de prevenir seus alunos e conscientizá-los da importância da coluna vertebral e da educação postural para sua vida, despertando  o interesse por hábitos mais saudáveis no cotidiano.
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O professor de Educação Física tem como objeto de trabalho o corpo em movimento e é o profissional que diariamente trabalha com os alunos as maneiras e formas de usar os seus corpos para conseguir determinados objetivos apresentados em aula, sendo nesse cotidiano fácil observar os hábitos posturais dos alunos em sala de aula, como se sentam, e nas aulas práticas suas posturas em movimento. Segundo Valladão et al., (2009) “[...] a Educação Física escolar, torna-se um dos meios para a prevenção de deformidades na coluna vertebral, através de suas atividades orientadas por um profissional qualificado.” E ainda segundo Verderi (2008) é neste contexto que o educador físico tem sua atuação sendo instrutor na profilaxia dos desequilíbrios posturais e mediador na reeducação motora dos padrões posturais.


Portanto, torna-se necessário que o professor mantenha atualizado seu conhecimento sobre o assunto, para que, com segurança e responsabilidade, possa utilizá-lo no exercício de sua profissão.



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