JOGOS OLÍMPICOS

A ORIGEM

OS JOGOS OLÍMPICOS DA GRÉCIA ANTIGA

O evento esportivo que atualmente têm dimensões planetárias e reúne mais de duzentos países participantes foi criado na Antiguidade, pelos gregos, e mantém-se presente, a despeito de ter sofrido alguns baques pelo caminho. Os Jogos são uma fonte infindável de histórias e casos. Para início de conversa, é preciso esclarecer logo que nem eram esses os únicos torneios esportivos da Grécia Antiga,
Na verdade, era costume que competições se seguissem a grandes feitos ou acontecimentos - no canto XXX da Ilíada, Homero narra com detalhes os jogos fúnebres em homenagem a Pátroclo, escudeiro de Aquiles e uma das vítimas da Guerra de Tróia. Alguns desses jogos foram se tornando regulares e se estabeleceram como tradição. Eis alguns dos mais importantes, que eram chamados Pan-Helênicos, pelo fato de reunirem cidadãos de várias cidades-estado.

Jogos Píticos - Celebrados no santuário de Apolo, em Delfos. Como homenageavam o deus da música, seus jogos tinham também concursos musicais e teatrais.

Jogos Ístmicos - No santuário de Poseidon, em Corinto. Em homenagem ao deus do mar, tinham provas aquáticas, como regatas de remo.

Jogos Nemeus - Também dedicado à Zeus, mas em outro santuário do deus, em Neméia.

Jogos Olímpicos - Podem ter nascido de uma simples corrida. Era assim que os jovens peregrinos que iam a Olímpia decidiam quem receberia do sacerdote do templo a chama que acendia o fogo do altar de sacrifícios. Mas é impossível ser mais preciso quanto à origem dos Jogos. Os gregos contavam sua História através dos mitos e há muitos sobre esse assunto.  

COMEÇO, MEIO E FIM

Você já deve ter lido por aí que os gregos  criaram os jogos olímpicos em 776 a.c.  Mas...não é bem assim!
Os historiadores dividem os Jogos antigos em três grandes fases:
Os primeiros Jogos, cujos registros históricos indicam terem sido homenagens funerárias, tiveram provavelmente 16 edições e foram interrompidos pela dominação dórica.
Tempos depois, houve a volta dos Jogos. Conta-se que  Ífitos, rei de Élis, perguntou ao oráculo de Delfos o que fazer para acabar com as guerras que dividiam a Grécia. A resposta: retomar os Jogos de Olímpia. Ele então assinou um acordo com Cleóstenes de Pisa e Licurgo de Esparta e, por meio de documento, proclamava  a trégua sagrada a cada quatro anos para que os jogos pudessem ser disputados. Os termos foram gravados num disco de cobre: " Olímpia é um lugar sagrado. Quem ouse entrar  nele com armas será considerado sacrilego". Essa fase intermediária teve 26 edições.
Em 776 a.c. os Jogos já eram tão importantes que se tornaram a base do calendário. A terceira e última fase é a que conhecemos hoje como os Jogos Olímpicos da Grécia Antiga. Foram disputadas 293 edições. Os Jogos já integravam o cotidiano e a cultura da Grécia quando o país foi invadido e se tornou parte do Império Romano, em 149 d.c. O que se viu depois foi um conflito de culturas que põs a tradição dos Jogos em risco: para os gregos, competir era lutar pela glória pessoal (o ideal do guerreiro), para os romanos, lutava-se para o público.  Assim, aos poucos, os espetáculos foram se tornando muito mais populares do que as competições esportivas. Em 393 d.c. o golpe final: depois de dizimar 10 mil gregos, o imperador romano Teodósio se converteu ao cristianismo para se curar de uma doença  e proibiu os Jogos, assim como qualquer exibição esportiva, considerados mitos pagãos.


O RENASCIMENTO

OS JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA

O esporte não saiu de campo entre os anos de 393 e 1896 - o período da História da Humanidade compreendido entre o fim dos Jogos Olímpicos da Antiguidade e o início dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Mas..pode-se dizer que não foram tempos fáceis para quem gostava de se exercitar apenas por lazer. Só para ter uma idéia entre 1314 e 1617 a prática dos jogos que dariam origem ao futebol foi proibída trinta vezes na Inglaterra. Um ano depois, em 1618, o Rei James I publicaria a Declaração dos Esportes, tornando a prática legal. Mas a  Revolução Puritana, movimento religioso contrário a realização de qualquer atividade aos domingos, jogaria contra essa medida e derrubaria o ato real por terra. O esporte teria de esperar até o ano de 1660, quando a Inglaterra já era novamente uma monarquia e os festivais, eventos de lazer que incluiam jogos, voltaram a ser permitidos. No mesmo ano, era disputada a primeira corrida de cavalos em Long Island, nos Estados Unidos. No século seguinte houve dois marcos importantes, também em terras norte americanas: a fundação do primeiro clube social de esportes, o Schuylkill Fishing Club, no estado da Pensilvânia, em 1732: e, um ano depois, a primeira notícia esportiva em um jornal, o Boston Gazette, sobre uma luta de boxe. Quando Frederick Ludwig Jahn fundou o primeiro Turnverein (clube dedicado à prática de ginástica), em 1811, em Berlim, na Alemanha, a prática de esportes já estava disseminada nos dois lados do Atlântico.
O século XIX viu nascer o esporte como o conhecemos hoje.
Quando surgiu a idéia de renascer os Jogos Ol´mpicos, já havia ligas profissionais de beisebol, o futebol tinha se separado do rúgbi e do futebol americano, cada um com suas próprias regras e seus campeonatos: basquete e volei tinham acabado de ser inventados, torneios de tênis e regatas de remo e vela eram populares; o boxe tinha um compêndio de regras e as grandes lutas distribuíam  prêmios em dinheiro, assim como corridas de rua: havia semanários dedicados ao esporte e seções esportivas  os jornais diários, e até fábrica de material esportivo (a Spalding foi fundada em 1876). Enfim, o mundo era uma bola - quicando, rolando, voando..... Tinha chegado a hora de juntar tudo isso num grande evento.

O BARÃO DE COUBERTIN

O espírito olímpico tem nome e sobrenome: Pierre de Coubertin. Foi esse francês apaixonado por esportes e pelos ideiais gregos que, ao combinar suas duas maiores paixões, idealizou o Olimpísmo, lançou o Movimento Olímpico, fundou o Comitê Olímpico Internacional e escreveu a Carta Olímpica. Cobertin desenvolveu um estudo sobre a importância dos exercícios físicos no  mundo moderno e também o projeto de reviver os Jogos Olímpicos. Encontrou apoio para seu projeto em 1894 num evento que ficou conhecido como Congresso Olímpico. Era o dia 23 de junho de 1894, e ali nasciam os Jogos Olímpicos da Era Moderna.

O OLIMPÍSMO

Antes dos Jogos Olímpicos havia o Olimpísmo. É um erro comum acreditar que Cobertin queria apenas reeditar os Jogos da Grécia Antiga quando reuniu o Congresso em 1894. Na verdade, seu primeiro objetivo era disseminar uma nova filosofia de vida, definida assim na Carta Olímpica, o documento que ele firmou com o objetivo de lançar as bases do Movimento Olímpico.
" O Olimpísmo é uma filosofia de vida que exalta e combina num conjunto harmônico as qualidades do corpo, a vontade e o espírito. Ao associar o Esporte com a cultura e a educação, o Olimpísmo se propõe a criar um estilo de vida baseado na alegria do esforço, no valor educativo do bom exemplo e no respeito pelos princípios éticos universais. O objetivo do Olimpísmo é colocar sempre o esporte a serviço do desenvolvimento harmônico do homem, com fim de favorecer o estabelecimento de uma sociedade pacífica e comprometida com a manutenção da dignidade humana".

E desse ideal que nascem os Jogos Olímpicos e tudo o que os cerca !


Referência Bibliográfica
FREITAS,A.; BARRETO,M. , Almanaque Olímpico Sportv, Casa da Palavra, 2008.
Comitê Olímpico Brasileiro.